domingo, 11 de janeiro de 2009

Ecossistema Urbano (Eco Urbis)

Todos os seres vivos se agrupam em populações, formam comunidades distintas e se distribuem pela superfície terrestre e oceanos, em harmonia e equilíbrio dinâmico, mantendo uma relação com as condições do meio ambiente. Formam-se os mais complexos ecossistemas, cuja soma, denominamos de biosfera e fica a cargo da ecologia estudar as inter-relações entre os organismos, seu meio físico e propor medidas para a sustentabilidade. Muitos não consideram as cidades como ecossistemas verdadeiros, em razão da influência humana, o que tira a conotação de um ecossistema natural. No entanto, quando se define que um ecossistema é um conjunto de espécies que interagem entre si e com o meio, não podemos descartar que as cidades, repletas de organismos distintos, devem ser encaixadas nesta categoria. O modelo de cidades modernas como grande centro de atração ao homem começa a surgir a partir da Revolução Industrial no século XVII, quando passou a ter grandes densidades populacionais, facilitando a conexão entre diferentes áreas do conhecimento. A concentração de pessoas e de atividades industriais em centros urbanos promoveu alterações bruscas no equilíbrio do sistema. Nesses locais, há grande consumo de matéria e energia, sendo a matéria-prima de origem geralmente externa às cidades. No entanto, os resíduos gerados permanecem próximos aos limites urbanos e quando não é respeitada a capacidade de suporte e resiliência do meio, têm-se cenários de poluição e desequilibrio. O conceito de sistema em ecologia designa o conjunto formado por todos os fatores bióticos (organismos) e abióticos (fatores físico-químicos) que atuam simultaneamente sobre determinada região. A alteração de um único elemento costuma causar modificações em todo o sistema, podendo ocorrer a perda do equilíbrio existente. Uma maior arborização em centros urbanos pode ser um importante passo para a mitigação dos desequilíbrios causados pelo homem, pois atuam como absorvedores de poluentes e raios solares, controlam a qualidade de corpos d’agua, dão estabilidade ao solo e dão suporte a uma maior diversidade de organismos, favorecendo esta última um controle de vetores patógenos. As atividades dos ocupantes urbanos geram microclimas especiais, já que a impermeabilização do solo, que substitui a vegetação, tem uma alta capacidade de absorver e irradiar calor. A água da chuva se escoa rapidamente, antes que a evaporação consiga esfriar o ar, enquanto que o calor gerado pelo metabolismo dos habitantes, associado àquele das indústrias, aquecem a massa de ar. Porém, este ar aquecido, poluído pelas atividades industriais, e das queimadas das adjacências, pode se comportar como uma cortina, um cobertor, que impede a saída do calor. Este aquecimento aprisionado é que dá origem ao efeito estufa.Para alguns, dar continuidade às perdas ambientais é um mal necessário para que ocorra crescimento econômico e seja mantida o bem-estar humano. Cabe lembrar que a grande fonte de energia encontrada pelo homem desde a revolução industrial sao os combustíveis fósseis, como o carvão mineral e os derivados do petróleo (gasolina e diesel). Como resultado, temos nos deparado atualmente com transformações ambientais bruscas provocadas pela grande emissão de CO2 e a crescente diminuição dos seus absorvedores, os ecossistemas florestais. Ou seja, ao passo que consumimos a energia do planeta, não permitimos que ela seja armazenada na biosfera como formas de energia mais nobres que o calor. Seguindo a lógica de James Lovelock, que dizia que “a vida e seu ambiente são tão intimamente ligados que a evolução diz respeito a Gaia e não apenas a organismos ou ao ambiente, separadamente.", quando não permitimos o estabelecimento dos grandes absorvedores químicos do ambiente, as plantas, estamos evitando a estabilização química entre os meios bióticos e abióticos. Apesar do grande alarde que vem ocorrendo com relação as consequências relacionadas as mudanças ambientais, para a cultura do consumo vigente não interessa a mudança de hábito para outros mais sustentáveis, mesmo sendo ela dependente de que os recursos não sejam exauridos. Já não resta nenhuma dúvida que a saúde do planeta dependerá muito da forma como os recursos naturais estão sendo explorados. Se cerca de 70% da superfície do planeta deverá ser ocupada em 2032, como prevê a ONU, a destruição de habitats e a introdução de espécies invasoras geram ainda mais ameaças à biodiversidade. Para complicar, o aquecimento global, que também já afeta os ecossistemas do mundo inteiro, traz de volta a questão de que a velocidade da mudança climática pode ser maior que a capacidade das espécies de se adaptarem a ela. Como alternativa a esta ocupação desordenada, a manutenção da diversidade urbana é algo que deve ser respeitada, não somente em relação ao homem, mas, também, por consideração às demais espécies que com ele convivem. Para isso, é importante um planejamento de adequação ambiental que promova ordem no ecossistema urbano.

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